Quem nunca em uma viagem de elevador puxou assunto sobre o tempo: “e esse sol?” ou “e essa chuva?”. Isso quando o clima ainda não tinha se tornado uma das maiores preocupações para a humanidade. Porque, hoje em dia, falar do tempo implica outras questões, algumas tão polêmicas que tem quem evite tocar no assunto.
“E esse sol? Que tempo seco, não chove porque a Amazônia está sendo desmatada”. Ou, então, “e essa chuva, não para mais? A previsão não era essa”.
São só duas situações climáticas que envolvem a ciência e seus estudos. Sobre acontecimentos do passado, como o desmatamento que desregula os sistemas de chuvas, e sobre o futuro, com a dificuldade crescente para a meteorologia prever o clima, afetando produções agropecuárias e outras atividades importantes para nossa permanência na Terra.
Discutir o assunto tornou-se tão importante que a Organização das Nações Unidas (ONU), entre tantas conferências que faz sobre as mazelas do mundo, incluiu uma sobre o clima e temas relacionados, como o meio ambiente.
Pós-guerra
Depois da Segunda Guerra Mundial, as tecnologias, incluindo as bélicas, avançaram sobre outros setores. A industrialização logo causou alterações irreversíveis no meio ambiente. Foi quando a ONU, em seu propósito de mediar conflitos e defender os direitos humanos, resolveu reunir líderes para expor os problemas, debater soluções e traçar metas.
Pré-COP
Em 1972 a ONU promoveu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano. Foi em Estocolmo, na Suécia. Lá estiveram chefes do executivo de 113 países e mais de 400 instituições governamentais e não governamentais, que discutiram sobre consumo excessivo dos recursos naturais e poluição atmosférica.
Doze dias de conteúdo até a confecção de um documento que — resumidamente — reúne informações dos cenários dos países, elencando os problemas que causam, quais os níveis e como poderiam reverter. “A gente já saiu de lá sabendo que os problemas ambientais eram transfronteiriços. É um momento em que a ciência, representantes do governo e da sociedade discutem questões ambientais que tem como reflexo também as mudanças climáticas”, diz Camila Carneiro, docente da Fundação Getúlio Vargas em diversos cursos sobre meio ambiente, sustentabilidade e ESG.
Apesar disso, os líderes ainda não tinham noção completa das consequências. Tanto que foram se reunir novamente só 15 anos depois, em um evento com aval da ONU coordenado pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Ela idealizou o documento que depois recebeu seu nome, o Relatório Brundtland. Nele apareceu pela primeira vez o conceito de desenvolvimento sustentável, que explicava como o desenvolvimento só é possível com o respeito ao meio ambiente e o uso consciente dos recursos naturais.
Cinco anos depois a ONU promoveu a Eco 92. Também conhecida como Rio 92 por acontecer na capital fluminense. Nesse encontro foi idealizada a Agenda 21, com compromissos para o próximo século. Dez anos depois se conferiu tudo aquilo que foi proposto. Foi na Rio+10, que, apesar do nome, foi realizada em Joanesburgo, na África do Sul. O Rio de Janeiro foi destino dos mesmos líderes em 2012. A Rio+20 teve como diferencial um planejamento que considerava aspectos institucional e político, já com viés social.
A COP
Entretanto, em meio a esses últimos eventos, a ONU percebeu o tamanho do problema e deu a devida importância ao clima por meio das Conferências das Partes, nome oficial dos órgãos responsáveis por tratados internacionais. Em 1995 houve a primeira. O evento ficou conhecido pelo apelido de COP, que vem com o número da edição logo em seguida. A COP 1 aconteceu em Berlim, na Alemanha.
Entre as mais relevantes está a de 2015, a COP 21, com sede em Paris, na França. Originou, enfim, um tratado que fez o meio político debater a questões climáticas. O Acordo de Paris foi assinado por 195 países, mas, ratificado por 147, que apresentaram formas de mitigar os gases de efeito estufa a ponto da Terra aquecer apenas 1,5° C em comparação a era pré-industrial.
Em 2020 não houve COP devido à pandemia do novo coronavírus. Ainda assim, o tema foi muito debatido na política e na imprensa, pois a covid-19 revelou ainda mais insustentabilidades, como a exploração da biodiversidade, e também como a desaceleração da economia fez, literalmente, o planeta respirar aliviado, com o ar mais puro como uma das consequências positivas.
COP27
A próxima Conferência das Partes começa neste domingo (06/11/2022) em Sharm El-Sheikh, no Egito, onde a organização promete que será “a COP das implementações”. Talvez uma promessa tão difícil quanto as outras acordadas para controlar o aquecimento global. Afinal, tão complicado quanto realizar uma transição energética para fontes mais limpas — mesmo com tecnologia disponível — é convencer, por exemplo, países petroleiros e carvoeiros de que, apesar dos lucros atuais, continuar com essas explorações só irá gerar problemas e sofrimentos no futuro.
Mesmo com uma resolução ou outra não sendo colocada em prática, as COPs e outros eventos sobre as mudanças climáticas, de qualquer tamanho, são importantes para elucidar o tema tecnicamente e — mais do que isso — fazer com o que chegue às rodas de conversas, sejam até mesmo as de elevador. “São de uma importância incrível porque a gente deixa de ter viés, para de trabalhar na base do achismo. Principalmente, hoje em dia, que a gente tem fake news até relacionadas a essas áreas de mudanças climáticas, de biodiversidade, escassez hídrica, e a gente passa a ter um consenso maior, a gente passa a ter uma concretude maior sobre o que é divulgado, o caminho que a gente precisa seguir”, atesta Camila.
Contato da redação ou setor comercial:
Envie Email para: contato@sessaodenoticias.com.br ou clique aqui.
Sigam nossas redes sociais:
Facebook (@sessaodenoticias)
TikTok (@sessaodenoticias)
Instagram (@sessaodenoticias)
Twitter (@sessaonoticias)
Youtube (Sessão de Notícias)