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Governo substitui portal sobre covid-19 por site com informações mínimas

Todas as demais informações históricas da doença no país foram omitidas.



Depois de retirar do ar por um dia o site que mantinha sobre informações detalhadas a respeito a covid-19, o Ministério da Saúde atualizou a página na internet com informações básicas. O site https://covid.saude.gov.br/ traz apenas as informações sobre os casos de pessoas recuperadas da doença, os casos de novas contaminações e os óbitos.
Todas as demais informações históricas da doença no país foram omitidas da população.
Na página, o governo informa que “O processo de atualização dos dados sobre casos e óbitos confirmados por covid-19 no Brasil é realizado diariamente pelo Ministério da Saúde através das informações oficiais repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde das 27 Unidades Federativas brasileiras” e que esses “dados fornecidos pelos Estados são consolidados e disponibilizados publicamente todos os dias, em torno das 19h”.
Não é o que ocorria até então.
Durante semanas, o Ministério divulgava as informações até as 17 horas, com coletivas de imprensa para detalhar os dados. Depois, passou a atrasar essas informações sucessivamente, até que o próprio presidente Jair Bolsonaro declarou que não teria mais dados em tempo de serem divulgados pelo Jornal Nacional, da TV Globo, às 20h30.
Desde a sexta-feira (5), o governo tem sido criticado pela falta de transparência na manipulação dos dados.
(Foto: Reprodução)
Portal seguia fora do ar até o início da tarde deste sábado
(Foto: Reprodução)

Lideranças políticas, instituições e representantes do Judiciário e Legislativo reagiram à decisão de reduzir a publicidade das informações.
A despeito da subnotificação de casos pelo País, o futuro secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard, disse que os números divulgados até agora seriam “fantasiosos” e que Estados e Municípios teriam inflacionado números de suas tragédias para receber mais recursos.
Neste sábado, o presidente Jair Bolsonaro oficializou a divulgação do boletim do Ministério da Saúde para às 22h. Na gestão de Luís Henrique Mandetta, os dados eram publicados às 17h. Depois, passaram para 19h. Desde quarta-feira (3), porém, já eram anunciados somente depois de 21h.
“As rotinas e fluxos estão sendo adequados para garantir a melhor extração dos dados diários, o que implica em aguardar os relatórios estaduais e checagem de dados. Para evitar subnotificação e inconsistências, o Ministério da Saúde optou pela divulgação às 22h, o que permite passar por esse processo completo. A divulgação entre 17h e 19h, ainda havia risco subnotificação. Os fluxos estão sendo padronizados e adequados para a melhor precisão”, escreveu Bolsonaro no Twitter, em nota assinada pelo Ministério da Saúde.
Na sexta-feira (5), quando foi questionado sobre o horário do levantamento, o presidente afirmou que “acabou matéria no Jornal Nacional”. Em declaração à imprensa em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro ainda disse que “ninguém tem de correr para atender a Globo”
O formato do boletim também mudou e deixou de trazer o número total de mortos e contaminados – agora, só aparecem os números do dia. “A divulgação dos dados de 24 horas permite acompanhar a realidade do país neste momento e definir estratégias adequadas para o atendimento a população. A curva de casos mostram as situações como as cenários mais críticos, as reversões de quadros e a necessidade para preparação. Ao acumular dados, além de não indicar que a maior parcela já não está com a doença, não retratam o momento do país. Outras ações estão em curso para melhorar a notificação dos casos e confirmação diagnóstica”, continuou Bolsonaro no Twitter.
Projeto de lei determina que dados sejam repassados à Câmara dos Deputados
Para driblar o atrado no boletim do Ministério da Saúde, o líder da oposição na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (PDT-CE), vai apresentar, na segunda-feira (6), um projeto de lei que determina que os números da covid-19 no Brasil sejam repassados pelas secretarias estaduais à Câmara, ao mesmo tempo em que são enviados ao governo federal.
Em entrevista ao Estadão, Figueiredo disse que a ideia é que o parlamento divulgue os dados com rapidez. “Vamos sistematizar os dados pelo parlamento e daremos a publicidade que o governo não quer dar”, afirmou. “A transparência é um dever do poder público e o presidente da república vem tratando com desdém o sofrimento de 35 mil famílias que perderam entes para o coronavírus”, continuou.
Figueiredo também garantiu que números acumulados de casos e mortes pelo coronavírus também deverão ser divulgados pelos deputados. “Temos que divulgar da maneira mais clara para a população”, completou.
Via: Correio24horas
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