Milhares de franceses voltaram às ruas de Paris e de outras cidades para protestar contra a aprovação da reforma da previdência, anunciada na tarde de quinta-feira (16/03/2023). A medida, que aumenta a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos, foi deferida sem o aval do Parlamento, por meio do artigo 49.3 da Constituição francesa.
Como temido, as manifestações, que ocorrem há meses, ficaram mais violentas. Em Paris, a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água para tentar conter os atos, que resultaram em um incêndio no centro da Place de la Concorde, perto de um obelisco egípcio. Cerca de 217 pessoas foram presas por suspeita de danos.
Pesquisas divulgadas nas últimas semanas mostram que cerca de dois terços dos franceses se opunham à reforma da previdência. Com a aprovação da medida, acredita-se que as manifestações irão se intensificar, bem como as greves, que já atingem diversos setores, deixando, por exemplo, as ruas da cidade luz com toneladas de lixo.
Pelas redes sociais, Marine Le Pen, líder da extrema direita e concorrente do presidente Emmanuel Macron nas últimas eleições, criticou a ação do governo. Segundo ela, a utilização do artigo 49.3, já acionado ao menos 10 vezes no país, sobre um texto tão rejeitado pelos franceses denuncia um executivo que não ouve mais o povo.
“A censura deve ser a resposta a esta democracia impedida. A essa altura, uma verdade se destaca: o testamento 49,3 do governo impediu que a maioria dos deputados rejeitasse essa iníqua reforma da Previdência”, escreveu Marine, informando que iria apresentar moção de desconfiança contra o governo.
Apesar de ainda não ter se pronunciado depois da aprovação, Macron alega que a reforma é necessária para preservar o sistema previdenciário e garantir o pagamento de pensões para as próximas gerações. Isso porque, nos últimos anos, a população com mais de 60 anos vem aumentando no país, o que tem preocupado as autoridades.
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