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Em comício na ONU, Bolsonaro mente sobre pandemia, ambiente e corrupção

O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), nesta terça-feira (20), em Nova York, nos EUA, traçou um cenário muito distante da realidade do Brasil. Como esperado, Jair Bolsonaro usou o seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, para fazer um comício voltado ao eleitorado brasileiro. Abandonou aquele tom mais radical, mas não as mentiras.

Desta vez, sua participação tornou-se ainda mais irrelevante por conta de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que historicamente discursa logo a seguir do Brasil, ter alterado sua participação para a quarta – o que ajudou a esvaziar a audiência.

Bolsonaro iniciou a sua fala afirmando que seu “governo não poupou esforços para salvar vidas e preservar empregos” durante a pandemia, sendo isso uma mentira já derrubada. Bolsonaro demorou para comprar vacinas oferecidas pela Pfizer, combateu medidas de distanciamento social e menosprezou a vida humana. Em março de 2021, por exemplo, em um comício em São Simão (GO), ele ironizou as famílias e amigos que perderam pessoas para a doença: “Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”.

O presidente afirmou que liberou o auxílio emergencial para proteger a renda das famílias, relatando que foram 68 milhões de famílias beneficiadas. Bolsonaro Ignorou e defendeu uma política que não funciona e que era ao contrário de todo o resto do mundo. Bolsonaro só decidiu liberar o auxílio por pressão do congresso.  O papel do Congresso Nacional, que garantiu que o valor fosse de R$ 600 enquanto seu governo defendia R$ 200. E que ele suspendeu o benefício entre 31 de dezembro de 2020 e o início de abril de 2021, no momento em que as mortes diárias escalavam para 4 mil por dia.

Disse que a corrupção sistêmica foi extirpada no país e que o responsável por escândalos passados [referindo-se a Lula] foi condenado em três instâncias. Os pastores que cobravam propina em ouro para dar acesso ao Ministério da Educação ou os coronéis que cobraram propina para fechar contratos de compra de vacina contra a covid-19 devem ter aplaudido neste momento.

Afirmou que fez investimentos em ciência e tecnologia, apesar de ter cortado receita das universidades e de bolsas de pesquisa.

Bradou que a inflação está em baixa. Sim, o IBGE divulgou que o Brasil teve deflação de 0,36% em agosto, porém os alimentos continuaram subindo, registrando 0,24% de alta. Em julho, também houve deflação, mas a comida ficou 1,3% mais cara. Por exemplo, no mês passado, o leite longa vida caiu 1,78%, mas ainda acumula alta de pornográficos 60,81% nos últimos 12 meses. Tanto que, para muitas famílias virou produto de luxo, sendo trocado por soro de leite ou água.

Colocou-se como defensor da liberdade de expressão e disse que repudia a perseguição religiosa, mas focou a questão dos cristãos. Passou batido pelo fato de que ataques contra religiões de matriz africana vêm ocorrendo por algumas denominações religiosas evangélicas no Brasil, talvez pelo fato de que ele tem contado com o apoio delas.

Gastou um bom naco de tempo tentando convencer de que “gosta de mulheres”, para usar uma expressão da própria primeira-dama, Michelle Bolsonaro – citada por ele, aliás, como exemplo de atuação no voluntariado. Repetiu que aprovou 70 normais legais em prol das mulheres. Mas criticou o que chama de “ideologia de gênero” (que, na verdade, deveria se chamar de “ideologia de igualdade de gênero”) e também o direito ao aborto.

E, claro, chamou os megacomícios eleitorais de 7 de Setembro de “maior demonstração cívica da história do país”, apesar de ter sequestrado o Bicentenário da Independência para defender que adversários fossem “extirpados” da vida pública. Horas depois dos comícios, aliás, um bolsonarista matou um petista em Confresa (MT) após um debate de cunho político.

Com informações do Brasil de Fato

 

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