Com o intuito de trazer da Arábia Saudita até o Brasil um conjunto de joias para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou recuperar as peças quatro vezes, através de formas ilegais, com o auxílio do gabinete, de militares e dos Ministérios das Relações Exteriores, Economia, Minas e Energia. As informações foram divulgadas pelo Estadão.
Em uma das tentativas, o chefe da Ajudância de Ordens do Presidente ra República, primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, supostamente foi levado por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), para desembarcar no aeroporto de Guarulhos e exigir a retirada das pedras preciosas. “Não pode ter nada do [governo] antigo para o próximo, tem que tirar tudo e levar”, argumentou.
Além disso, ainda de acordo com o Estadão, no documento de solicitação à FAB para realização da viagem, consta que o voo era necessário “para atender a demandas do Senhor Presidente da República naquela cidade”.
Outra situação ocorreu no final de dezembro, quando Bolsonaro solicitou ao gabinete da Receita Federal que as joias fossem destinadas à Presidência da República. Já em um terceiro momento, os ministérios de Minas e Energia fizeram uma ação conjunta com o de Relações Exteriores para que os itens fossem liberados, no entanto, o departamento da Receita responsável pela área negou o pedido e insistiu que as joias só seriam devolvidas após o pagamento da multa e do imposto.
De acordo com a própria Receita, o imposto de importação equivale a 50% do preço da peça e uma multa de 25% deve ser aplicada em casos de tentativas de entrada no território brasileiro de forma ilegal. Neste caso, Bolsonaro precisaria pagar aproximadamente R$ 12, 3 milhões.