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Há 20 anos a final da Casa dos Artistas 1 bateu a Globo no Ibope

Na noite de 16 de dezembro de 2001, o público parou na frente do tubo para assistir à final da Casa dos Artistas. Após esse dia, reality show tornou-se o formato favorito dos telespectadores e dos anunciantes. Bárbara Paz chorou. O Brasil chorou. E Silvio Santos, até ele, também chorou.

O dono do SBT sempre conteve suas emoções na frente das câmeras. Como o “Homem Sorriso da TV” poderia aparecer chorando em público? Em raras vezes isso aconteceu, como no histórico Show de Calouros de 1988 (quando voltou ao ar após quatro semanas afastado para tratar uma suspeita de tumor nas cordas vocais) e na homenagem a Carlos Alberto de Nóbrega no Em Nome do Amor, em 1999.

O público não viu Silvio Santos chorar na final da Casa dos Artistas, mas ele chorou. A coluna sabe porque, há cinco anos, para o portal UOL, entrevistou ex-participantes do reality. Eles revelaram bastidores da decisão que premiou Bárbara Paz com R$ 300 mil. Patrícia Coelho, finalista daquela edição, “entregou” a emoção do apresentador.

“Silvio Santos ficou muito emocionado, chegamos a vê-lo chorar de emoção. Saíram lágrimas dos olhos dele”, relembrou a cantora sobre o impacto do reality show em um homem que vivia televisão há pelo menos 40 anos e que, naquele 2001, havia sido homenageado no Carnaval do Rio de Janeiro e sequestrado dentro de sua mansão, vizinha à Casa dos Artistas, em São Paulo.

As lágrimas até podem ter uma explicação mais “fria”. Silvio escondeu a Casa dos Artistas de quase todos os seus funcionários. Ele queria agir às escondidas para despistar a Endemol, que ofereceu o Big Brother ao SBT antes de vender para a Globo, e surpreender a audiência. A final, segundo dados prévios, teve média de 47 pontos e pico de 55 na Grande São Paulo, maior índice do SBT até hoje. A estratégia de Silvio deu certo. O choro era de alívio. A audiência do reality fez o SBT conseguir um feito histórico em São Paulo/SP, jamais alcançado por outra emissora; venceu a Globo na média dia por 16,8 x 11,4 da Globo.

As mesmas lágrimas, contudo, caíram por um sentimento que nenhuma planilha do Ibope é capaz de gerar, como afirmou o diretor Rodrigo Carelli, na mesma reportagem deste colunista ao UOL, em 2016: “Ele falou: ‘O que aconteceu hoje nunca mais vai acontecer’. Sensação dele de que aquilo era um ápice. O choro da Bárbara foi muito impactante, tanto que ele se encantou por ela, chamou para ser protagonista de duas novelas. Ficou muito impressionado. Ele falava: ‘Isso é muito mais emocionante do que uma novela’”.

Bárbara Paz, chamada na véspera da Casa dos Artistas porque Suzana Alves (ex-Tiazinha) havia desistido, só era conhecida dos ex-funcionários da MTV (onde ela teve sua única experiência na TV até então), incluindo o diretor geral, Rodrigo Carelli, e a diretora assistente, Chica Barros.

“Foi incrível. Muita gente fala: ‘Nossa, você fala mal’. Como vou falar mal de uma coisa que foi maravilhosa na minha vida, gente? Uma coisa que eu ganhei, comprei minha casa, virei uma pessoa pública. Abriu vários caminhos para mim e segui o que sempre quis, ser atriz”, disse Bárbara ao colunista, cinco anos atrás.

Aquela final fincou o SBT na história da TV, boa parte erguida por seu criador, Silvio Santos. O apresentador e empresário trucidou o Fantástico, arrepiou a Globo, brigou na Justiça e ainda apareceu ao mesmo tempo em dois canais (para fazer fofoca sobre Alexandre Frota para sua então mulher, Daniela Freitas, apresentadora da Record). A televisão brasileira nunca foi a mesma após a Casa dos Artistas.

 

*Informações do site Observatório da Televisão

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