O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta sexta-feira (29) que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) está “ausente” enquanto o Brasil passa pela pandemia do novo coronavírus, classificada por Doria como a “mais grave crise dos últimos anos” e um “desafio sem precedentes”.
Até quinta-feira (28), o Brasil já havia registrado 26.754 mortos pela Covid-19 e 438.238 casos da doença. São Paulo é o estado mais afetado, com 95.685 casos e 6.980 mortes.
“Mesmo em uma semana como essa, em que o Brasil se tornou epicentro global da pandemia, o governo federal se mostra ausente. Ausente no principal problema do país: o combate ao coronavírus. Ausente na luta para salvar vidas, ausente no apoio à profissionais de saúde, ausente na solidariedade aos mortos e enfermos”, declarou o governador em entrevista coletiva na capital paulista.
Doria também criticou o ministro da Educação, Abraham Weintraub, por ter comparado o inquérito sobre as fake news no Supremo Tribunal Federal (STF) à perseguição do regime nazista da Alemanha aos judeus. Após a menção feita pelo ministro, a embaixada de Israel no Brasil pediu, em nota, que o Holocausto não seja usado no debate político no país.
“Ouvimos essa semana, mais uma vez, palavras que ofendem a memória de judeus e de milhões de pessoas perseguidas pelo nazismo. Palavras contra a memória de todos que sofreram violências e arbítrios de regimes autoritários”, disse Doria.
“Vamos parar com essa marcha da insensatez e com as ameaças à democracia e às liberdades fundamentais. Vamos respeitar o ser humano, respeitar a história verdadeira, a real que não torna em glória regimes autoritários e de ditadores”, afirmou o governador paulista. “O Brasil não será nazista, não será fascista e nem comunista. O Brasil será livre e democrático”.
‘Gabinete do ódio’
O governador ressaltou que ministros, parlamentares, imprensa e outras instituições têm sido atacadas por um discurso de ódio. “Este é o lado triste da história mundial e é o lado triste, também, da história deste país”.
“Precisamos trocar o ‘gabinete do ódio’ pelo gabinete do diálogo. Brasília precisa associar-se a razão, ao bom senso, trabalhar pelo entendimento nacional e por soluções ao problema do povo. Precisamos de um governo de construção nacional, não de destruição nacional”, disse.
O “gabinete do ódio” seria um grupo de servidores lotados no Palácio do Planalto e ligados ao vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que atuaria na disseminação de ataques a adversários políticos do presidente.
O grupo foi classificado como uma possível associação criminosa pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, na decisão que autorizou a operação da Polícia Federal na quarta-feira (27) contra as fake news.