Segundo informações do Portal G1, neste fim de semana, o mundo testemunhou um fato incomum em Cuba: milhares de cidadãos nas ruas protestando contra a ditadura e pedindo liberdade, comida e vacinas.
De Havana, no Norte, até o Sul da ilha, em Santiago de Cuba, aconteceram protestos em pelo menos 25 cidades.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram manifestantes, quase sempre usando máscaras, gritando: “Pátria e vida”. Esse é o título de um rap do músico Yotuel Romero, que faz inúmeras críticas ao governo e à Revolução Cubana e é uma resposta à famosa frase de Fidel Castro: “Pátria ou morte”.
Castro liderou a revolução armada que derrubou o ditador Fulgêncio Batista em 1959 e instaurou o regime socialista na ilha. Ele governou o país, também como ditador, até 2008, quando passou a faixa para seu irmão, Raúl Castro.
Desde 2018, o presidente é Miguel Díaz-Canel, escolhido pelos irmãos Castro.
A última vez que os cubanos haviam protestado de forma organizada tinha sido em 1994. Na época, a onda de manifestações resultou na fuga de milhares de cubanos em embarcações precárias pelo mar.
Desta vez, os manifestantes protestam contra a falta de alimentos, de energia elétrica, de medicamentos e de vacinas. O governo cubano desenvolveu o próprio imunizante, mas, atualmente, Cuba vive o seu pior momento na pandemia: o número de casos de Covid dobrou em poucos dias na semana passada e, com a queda drástica no turismo, muitos cubanos perderam renda.
O presidente Díaz-Canel foi cercado por manifestantes na pequena cidade de San Antonio de los Baños. Ele disse aquelas ruas eram dos revolucionários, e não dos “vermes antirrevolucionários” e que esses seriam confrontados.
Perto dali, na capital Havana, houve violência entre policiais e manifestantes: cenas raras num país onde protestos são quase inexistentes e a presença da polícia é constante.
Houve confrontos também entre cidadãos cubanos a favor e contra o governo.
Um grupo organizado agrediu um homem com socos. Um outro manifestante saiu carregado. Pessoas destruíram viaturas policiais.
Uma equipe da agência de notícias Associated Press foi agredida e pelo menos três jornalistas foram presos horas depois de noticiar as manifestações.
Nesta segunda-feira (12/07/2021), dezenas de pessoas se reuniram na frente de uma delegacia em Havana em busca de notícias de parentes e amigos que teriam sido agredidos e detidos no domingo (11) por policiais.
De acordo com a ONG Human Rights Watch, 20 pessoas foram presas durante os protestos. Mas ativistas locais falam em 65 prisões só na capital.
E na tarde de desta segunda, houve um apagão da internet e das telecomunicações no país.
Num pronunciamento na TV estatal, Díaz-Canel culpou os Estados Unidos e o embargo econômico pela crise.
O presidente americano, Joe Biden, disse que o povo cubano está exigindo liberdade de um regime autoritário e pediu que o governo deixe de lado a violência e as tentativas de calar a voz do povo de Cuba.
Numa rede social, o jornalista cubano Abraham Jiménez Enoa resumiu:
“Cuba é uma ilha liderada por militares há 62 anos. Não há mais comida, nem remédios e as pessoas morrem de Covid como se fossem moscas. Elas estão cansadas. De tanto perder, este país já perdeu até o medo.”
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