18 de março de 2025
Secretário de saúde da Bahia pede desculpas depois de xingar chef de cozinha de ‘vagabunda’ após ter reserva cancelada

Secretário de saúde da Bahia pede desculpas depois de xingar chef de cozinha de ‘vagabunda’ após ter reserva cancelada

A chef de cozinha Angeluci Figueiredo, do tradicional restaurante Preta, revelou nesta segunda-feira (02) que foi xingada de “vagabunda” pelo secretário estadual da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas. O restaurante fica na Ilha dos Frades, na Baía de Todos-os-Santos, em Salvador.

De acordo com Angeluci Figueiredo, a ofensa foi feita no domingo (01), após ela comunicar ao gestor, através de um aplicativo de mensagens, que a reserva feita por ele teria que ser cancelada por causa de questões climáticas.

Segundo o Portal G1, nesta segunda-feira (02), o secretário publicou um pedido de desculpas para a chef de cozinha nas redes sociais.

Segundo informações de Angeluci Figueiredo, a Capitania dos Portos recomendou a restrição de navegação na Baía de Todos-os-Santos, no último fim de semana, por causa da instabilidade do tempo e das variações do vento, o que causa más condições de navegação. Diante da recomendação, ela optou por não abrir o restaurante e cancelar o atendimento.

“Esqueça de me ver de novo aqui. E ainda paguei R$ 350 para desembarcar… Recebe R$ 30 mil de mesada de Suarez e não precisa trabalhar”, escreveu o secretário na mensagem.

“Amigo o caralho! Vagabunda”, completou.

Em nota divulgada pela chef de cozinha, Angeluci afirmou que chegou a cogitar que o número dele tivesse sido clonado. Ela também questionou o motivo dela ter sido ofendida.

“O que o autoriza, no exercício de uma função pública das mais relevantes do estado – a de secretário de Saúde do Estado da Bahia e, durante uma pandemia, o que torna a sua função sinhá mais responsável – chamar uma mulher de VAGABUNDA?”, disse.

“Os tempos mudaram, secretário: inexistem contextos que justifiquem essa relação de senhorio e vassalagem. Eu não sou vagabunda. Sou uma mulher digna, honrada, profissional, empresária, geradora de empregos e com uma árdua rotina de trabalho, física, inclusive, para realizar um sonho e um projeto de oferecer aos meus clientes um serviço de qualidade”, afirmou a chef de cozinha.

A chef de cozinha ainda questionou se o secretário saberia “o que é ser misógino”.

“O senhor sabe o que é ser misógino, secretário? Sabemos que sim, o senhor sabe. Mas sabemos que nesse país ninguém é racista, ninguém é misógino. Aqui não há nunca vítimas, só ‘vitimismo’ e ‘mimimi’, afinal devemos garantir que autoridades se sintam à vontade para sacar o telefone e chamar uma mulher de vagabunda, simplesmente porque pode, porque um desejo foi frustrado pelo tempo”.

Ainda na nota, a chef argumentou se o secretário chamaria o dono de um restaurante de “vagabundo”, caso a mesma situação ocorresse com um homem branco.

“O senhor sabe que não sou vagabunda, não sou irresponsável, não vivo de mesada de quem quer que seja e que, diferentemente do que o senhor me escreveu, eu preciso trabalhar”, disse a chef.

Nas redes sociais, o secretário de saúde admitiu ter xingado a chef e pediu desculpas.

“Por mais cuidadosos que sejamos, ao longo da vida cometemos erros que podem atingir as pessoas. Peço, portanto, desculpas à empresária e artista da gastronomia baiana, a Chef Angeluci Figueiredo, pelos comentários inadequados no último domingo (01), em circunstâncias injustificáveis, enviados por mensagem privada”, disse Fábio Vilas-Boas.

O gestor contou que mandou as mensagens após um “enorme frustração momentânea” e de ter sido “tomado de emoção”.

“Tendo reservado um almoço especial com os familiares e amigos do exterior com a devida antecedência de 48h, uma enorme frustração momentânea me levou, tomado de emoção, a dizer o que disse”, publicou.

“Conto com o perdão de todos que se sentiram ofendidos, pois sempre pautei minha vida na verdade, honestidade e acolhimento”, concluiu o secretário.

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