A operação Contragolpe, da Polícia Federal, prendeu quatro militares e um agente da PF, nesta última terça-feira (19/11/2024), envolvidos em um planejamento de golpe de Estado após as eleições de 2022 e o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
De acordo com a PF, dois deles são militares das Forças Especiais (FE), os chamados “kids pretos”, que possuem “conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas”.
Os envolvidos usavam apelidos para se referirem aos alvos da operação golpista “Punhal verde amarelo”. Em documentos apreendidos, os golpistas chamam as possíveis vítimas por codinomes, como Jeca (Lula), Joca (Alckmin) e Juca (ainda não identificado pela PF).
Os policiais federais cumpriram ainda três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas de prisão, como proibição de manter contato com demais investigados, se ausentar do país, e suspensão do exercício de funções públicas.
Quem são os envolvidos?
General da brigada Mario Fernandes: foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegou a ser ministro de forma interina. Também é ex-assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde. Militar pelas Forças Especiais (FE), os chamados “kids pretos”, Mauro é descrito como um dos militares mais radicais por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, na investigação da Polícia Federal.
Tenente-coronel Helio Ferreira Lima: foi Assistente do Comandante Militar do Sul, responsável pelo coordenação das atividades militares de toda a região Sul do Brasil. Ele também teria participado do monitoramento de Alexandre de Moraes, além de manter um documento detalhado de fatores estratégicos “fisiográficos, psicossocial, político, militar, econômico e produção”.
Major Rodrigo Bezerra Azevedo: também é Tenente-Coronel do Exército e ingressou no serviço público em 1999. Em 2022, ele era Major da Infantaria que servia no Comando de Operações Especiais (OB), unidade de ações de alta complexidade.
Major Rafael Martins de Oliveira: militar da ativa, conhecido pelo apelido de Joe, é o terceiro Tenente-Coronel do Exército preso na operação e também é “kids preto”. Ele é descrito pela autoridade policial como um militar de “alta capacidade técnica”, com registro de participação no Batalhão de Ações e Comandos. Segundo o documento da PF, Rafael ficou responsável por levantar os custos do golpe, encaminhando o orçamento do plano para Mauro Cid.
Policial federal Wladimir Matos Soares: estava na segurança do candidato eleito à época, Lula, e auxiliou na parte do planejamento operacional que previa o assassinato de Lula e Alckmin.
Como seria a morte
De acordo com o documento, a organização criminosa previa as mortes com uso de um arsenal de guerra. Além de uma metralhadora belga/norte-americana M249 — utilizada por forças militares, incluindo a dos Estados Unidos —, os golpistas pretendiam usar pistolas, fuzis, lança-granadas e lança-rojão. A própria PF detalha o arsenal na investigação:
Um dos planos incluía a possibilidade de envenenamento ou “uso de químicos para causar colapso orgânico”.
Qual a relação com Jair Bolsonaro?
As investigações da Polícia Federal colocam Bolsonaro diretamente ligado à trama golpista. Desde 2022, a PF ligou três descobertas ao ex presidente: a “minuta do golpe” — documento encontrado com membros do governo com decreto de intervenção no TSE —, uma reunião no dia 9 de dezembro no Planalto com um comandante militar e mensagens de Mauro Cid com outro militar que assessorava a Presidência.
As investigações da PF e do STF apontam que após a derrota de Bolsonaro, nas Eleições 2022, foi elaborado e efetivado um plano de “golpe de Estado, na tentativa de impedir a posse do governo legitimamente eleito” e de tentativa de “restringir o livre exercício do Poder Judiciário”. Um dos ataques seria em 15 de dezembro de 2022, três dias após diplomação de Lula.
Uma reunião no dia 9 de dezembro de 2022, no Palácio do Planalto, com o então chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), general Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, sacramentou a atuação dos “kids pretos” na tentativa de golpe de Estado e atentados.
A presença do general no Planalto foi registrada e o conteúdo cruzado com dados que PF obteve dos celulares de auxiliares de Bolsonaro, como o ex-ajudante de ordem da Presidência, tenente-coronel Mauro Barbosa Cid. A PF aponta que uma semana depois de Bolsonaro “ter analisado e realizado alterações em minuta de decreto destinada a consumar o golpe de Estado e ter se reunido com o Comandante do Coter”, no dia 9 de dezembro, dois auxiliares diretos do então presidente, Mauro Cid e Marcelo Câmara, coronel do Exército, “trocaram mensagens indicando que estavam acompanhando a operação”.
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