Quatro militares que ocupam cargos no governo Bolsonaro (PL) criticaram, entre domingo (24/04/2022) e esta segunda-feira (25/04/2022), a declaração do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), de que Forças Armadas “estão sendo orientadas para atacar o processo” eleitoral brasileiro e “tentar desacreditá-lo”. São eles o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, o ministro do Gabinete Institucional e conselheiro do presidente, general Augusto Heleno, e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos).
Em nota, no domingo, o primeiro chamou a fala de Barroso de “irresponsável” e “ofensa grave” a instituições nacionais permanentes do Estado brasileiro. Ramos usou as redes sociais para afirmar que esta é uma questão de “defender a soberania nacional” e que “as forças armadas estarão sempre vigilantes”. O general Heleno também se pronunciou pelas redes. Escreveu que “essa afirmação não procede; é inconsistente e sem fundamento” e que as Forças Armadas foram “convidadas para participar do processo”. Ainda de acordo com ele, elas “estão sendo orientadas, como sempre, a ajudar a lisura do evento”.
Mourão, por sua vez, falou sobre o assunto em entrevista ao Portal GZH, do Rio Grande do Sul. “A fala do ministro Barroso foi indevida, pois as Forças Armadas não são uma criança para serem orientadas. Em todo esse processo, elas têm se mantido à parte, sem manifestações de seus comandantes ou de seus integrantes”, pontuou. No domingo, ao fazer a declaração durante participação por videoconferência em um seminário sobre o Brasil promovido pela universidade Hertie School, de Berlim, na Alemanha, o magistrado acrescentou que, desde a redemocratização, as Forças Armadas vêm tendo um comportamento exemplar. Além disso, reforçou que, desde 1996, não há qualquer episódio de fraude nas eleições.
A doutora em ciência política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart disse avaliar com “bastante preocupação” o atual contexto no qual vem a fala de Barroso e as reações dos integrantes do governo, no que diz respeito às relações dos militares com a democracia constitucional no Brasil. De acordo com a professora, existe um “compromisso dos militares com o bolsonarismo”, e ele é explicado por dois fatores. O primeiro, fala, é a garantia de maior acesso a recursos financeiros a membros das Forças Armadas por meio da inclusão deles no governo, da mesma forma como ocorreu na Venezuela. No país vizinho, por começarem a participar ativamente de funções de governo em atividades com muito acesso a recursos, os militares passaram a ter “uma função muito importante na manutenção do regime, que, nos últimos anos da gestão de Hugo Chávez, começou a “fustigar a democracia liberal”.
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